Notícias como esta, reproduzida abaixo, muitas vezes geram indignação: “o mundo corporativo se apropriando do termo da sustentabilidade”, “a banalização do termo”, “hipocrisia”. De fato.
No entanto, por outro lado, o processo de disseminação é um processo de apropriação, conforme o modelo de Latour. A disseminação do paradigma da sustentabilidade passa por um processo em que os diversos grupos da sociedade vão se apropriando do termo e de seus princípios, os resignificando a partir de seu paradigma e formando novos conceitos. Neste processo, os diversos grupos sociais entram em um processo de disputa do conceito. A sustentabilidade não pode ficar apenas no discurso dos ambientalista, sua disseminação é seu objetivo e neste processo ele inevitavelmente passar por processos de apropriação. Conforme este processo amadurece, a partir da disputa entre os segtores da sociedade, os conceitos começam a se concretizar e melhor se definir.
A notícia abaixo demonstra este processo de apropriação do conceito da sustentabilidade pelo setor corporativo. Cabe aos ambientalistas politizar, disputar e debater o termo de forma a radicalizá-lo, mas com a consciência de que o objetivo é que o conceito da sustentabilidade se dissemine e transforme práticas.
Estudo do MIT revela visão de líderes corporativos sobre o tema e principais desafios para evolução do conceito dentro das empresas. A sustentabilidade irá mudar o panorama competitivo e remodelar as oportunidades e ameaças que as empresas enfrentam? Se a resposta for sim, de que forma? Quão preocupados estão executivos e stakeholders sobre o impacto dos esforços em sustentabilidade no bottom line corporativo? O que as companhias estão fazendo nesse momento para capitalizar em mudanças de um direcionamento sustentável? E quais estratégias elas estão adotando para se posicionar de maneira competitiva para ao futuro? Na tentativa de encontrar respostas para essas e outras questões, o MIT Sloan Management Review (publicação do Massachusetts Institute of Technology que ganhou versão eletrônica em 2008) lançou o relatório The Business of Sustainability. Produzido em parceria com o Boston Consulting Group e tendo suporte de analistas de negócios do SAS, o documento mostra descobertas e insights da primeira pesquisa anual Business of Sustainability, com mais de 50 entrevistas em profundidade com um grupo de líderes globais, e do projeto de pesquisa Global Thought Leaders, que contou com a participação de 1,500 executivos de corporações e gestores de negócios. Confira a seguir as principais conclusões levantadas no estudo: O consenso: sustentabilidade importa Sustentabilidade não é apenas um tópico do dia Opiniões divergem em alguns aspectos da sustentabilidade Algumas companhias estão atuando de maneira decisiva e com sucesso Porque ações corporativas decisivas – e efetivas – são necessárias O grupo de líderes e os entrevistados da pesquisa vêem a sustentabilidade a partir dos seguintes princípios. -Sustentabilidade tem o potencial de afetar todos os aspectos das operações de uma companhia, do desenvolvimento e manufatura a vendas e logística. -Sustentabilidade também tem o potencial de afetar cada nível de criação de valor no curto e longo prazo. Raramente uma questão de negócios é vista com tal escopo de impacto. -Há uma pressão crescente dos stakeholders para a ação das empresas. -As soluções para os desafios da sustentabilidade passam por uma colaboração efetiva com stakeholders particularmente críticos. -Decisões devem ser tomadas contra um cenário de alta incerteza. Tais fatores incluem legislação governamental, demandas de consumidores e empregados e eventos geopolíticos. Três grandes barreiras impedem a ação decisiva corporativa -Gestores sentem falta de uma base comum para direcionar questões relevantes para suas companhias e indústria. Mais da metade dos entrevistados no grupo de líderes apontou a necessidade de estruturas melhores para entender a sustentabilidade. -Como mencionado anteriormente, as companhias não compartilham uma definição comum ou linguagem para discutir a sustentabilidade. -A meta para ações é frequentemente definida de forma fraca e não coletiva dentro da organização. E frequentemente não há entendimento de como medir o progresso uma vez que as ações são tomadas. © Copyleft – É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída. |
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